REABERTURA DA SALA MARTINS PENA COM ORQUESTRA SINFÔNICA
O retorno ao espaço de origem ocorre no ano em que o grupo celebra 45 anos de existência e após uma década de itinerância em diferentes espaços na capital federal


Dezembro de 2013 foi quando a orquestra se apresentou, pela última vez, em uma sala do Teatro Nacional | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
“Foi uma tristeza ter que sair da sala”, lembra Lilian Raiol, que é a spalla da orquestra, considerada o braço direito do maestro. “A gente entende, claro, os motivos de segurança e toda a readaptação que a sala precisa passar, mas foi muito triste ter que sair sem perspectiva de volta. Isso foi bem dolorido.”Há 19 anos na orquestra, a musicista lembra que foi ao entrar no Teatro Nacional que decidiu se dedicar para integrar o grupo:
“Escolhi fazer música e tocar em orquestra quando fiz o festival da Escola de Música no curso de verão. Entrei na Sala Villa-Lobos e falei: ‘é aqui que eu quero trabalhar e passar o resto da minha vida’. Fazer parte da orquestra é a realização de um sonho, e voltar para o teatro também é outro sonho que está se realizando”.Retorno

A violoncelista Larissa Mattos diz estar ansiosa em voltar a tocar no teatro: “Não vejo a hora, porque fiz o concurso querendo sempre tocar no Teatro Nacional”
“A gente faz um concurso com uma certa expectativa, e a minha era de realmente ter um teatro [para tocar], mas quando cheguei, infelizmente, ainda não tinha reaberto”, relata.A falta de experiência no teatro se tornou uma frustração para a carreira de Larissa, por isso o retorno ao espaço de origem da orquestra vem com uma dose de ansiedade:
“Não vejo a hora, porque fiz o concurso querendo sempre tocar no Teatro Nacional. Foi para isso que eu fiz. Essa orquestra leva o nome do Teatro Nacional, então realmente estou bem ansiosa de poder voltar”.O retorno ao Teatro Nacional Claudio Santoro ocorre em um momento especial para a orquestra. Em 2024, o grupo completou 45 anos de existência. Foi em 6 de março de 1979 que a OSTNCS fez seu concerto inaugural sob as batutas do maestro Claudio Santoro, considerado um dos maiores compositores eruditos nacional e internacionalmente.
“Isso para nós é um presente, como se fosse realmente uma alegria, uma coisa que vem no momento certo”, afirma o maestro Cláudio Cohen, regente atual. “A gente fica muito feliz e agradece ao Governo do Distrito Federal pelo empenho no sentido de realmente trazer de volta o Teatro Nacional para a população do DF.” Desenvolvimento musical

O maestro Claudio Cohen comemora a proximidade do retorno ao palco do teatro: “É como um time de futebol que precisa do melhor campo para fazer suas jogadas”
“Realmente, foi um período de muito desafio para manter o trabalho em alto nível”, Cláudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro
“Já faz dez anos que nós saímos do teatro”, pontua o músico Francisco Orru, que está há 15 anos na OSTNCS. “Para nós é uma perda enorme, porque toda a nossa condição de trabalho e todos nosso ambiente preparado para o trabalho era lá. Para o nosso desenvolvimento musical, foi um grande prejuízo.”O argumento ganha reforço do maestro Cláudio Cohen:
“É como um time de futebol que precisa do melhor campo para fazer suas jogadas. Embora as salas tenham nos recebido com muito carinho, não são espaços adequados para o desenvolvimento do trabalho de uma orquestra, que é um trabalho sonoro. Para isso, precisamos ter uma condição acústica e um ambiente adequado, desimpedido de interferências. Isso tudo interfere na qualidade do trabalho e na audição pelo público. Realmente, foi um período de muito desafio para manter o trabalho em alto nível”.Instalações Dentro da Sala Martins Pena, a OSTNCS terá uma sala de apoio climatizada e com banheiros. Uma das funcionalidades do espaço será guardar os instrumentos do grupo. Também foi reservada uma área para a orquestra no foyer, em um ambiente feito para ser usado para apresentações de um trio de cordas.
“A orquestra é o coração do Teatro Nacional”, defende o secretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón. “Ela precisa ser tratada com carinho. É um equipamento muito grande e que merece ter, dentro das suas instalações, um espaço adequado para o funcionamento de uma orquestra do tamanho da nossa. São espaços pensados especialmente para eles. A orquestra é um segmento relevante da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. São muitos servidores, e eles precisam estar aqui onde é de direito”.Desde a interdição, a OSTNCS iniciou uma itinerância por equipamentos públicos da cidade. Em uma década sem lar, o grupo passou pelo Teatro Pedro Calmon, Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Santuário Dom Bosco, Teatro dos Bancários, Cine Brasília e Museu Nacional da República até chegar ao Teatro Plínio Marcos, no Eixo Ibero-Americano, onde está desde 2022. Reforma do Teatro Nacional
R$ 320 milhões
Total a ser investido na próxima fase da obra